Porção de Noach

Milagres

A Porção de Noach fala da história de Noé, a construção da Arca e o dilúvio.

A reflexão aqui é sobre o milagre que ocorreu na construção na Arca, porque não condiz as dimensões da Arca em registro com a quantidade de animais e plantas comportados por ela depois de pronta.

Bom, mas se D’us atuou neste milagre, por que D’us deu para Noé informações sobre o material da Arca e outras especificidades? Por que D’us não se encarregou logo de fazer tudo?

A Kabbalah explica que existe um ensinamento profundo sobre isso, dizendo que embora o milagre fosse realmente necessário, o Criador queria minimizar o milagre o máximo possível. Ele não queria ser o único a atuar na construção da Arca enquanto Noé o esperava.

Daqui então temos um conceito da Kabbalah que é entendido: o homem não deve confiar em milagres, porque o homem não pode se sentar e esperar que D’us preencha todas as suas necessidades.

Pelo contrário, o homem deve trabalhar o máximo que pode e só aí, se preciso, o milagre pode ocorrer. O homem sempre precisa de uma participação ativa na resolução do problema.

O trabalho do homem deve ser feito como se nunca fosse receber um milagre de D’us, ou seja, não colocará D’us na equação de seus projetos. Até porque nem sempre D’us irá intervir, Ele só irá intervir se achar que precisará intervir.

Multiplicação

Aqui é analisado um versículo que diz: “O Homem começou a se multiplicar na face da Terra e começou a gerar filhos.”

Esse versículo aparece logo antes de D’us se irritar coma humanidade e anunciar para Noé que irá destruir a humanidade com o dilúvio.

Essa frase é um preâmbulo do que está irritando a D’us. Mas, por que o homem se multiplicar na face da Terra e gerar filhos seria um problema?

É estranho, porque o homem foi criado para isso. Porém é que a questão é que essa multiplicação pode ser feita de uma maneira incorreta ou não.

Só o fato do homem se multiplicar não é necessariamente bom. O que faz a gente se multiplicar na vida é Yessod, como explicado na Porção de Bereshit.

Os homens narrados no versículo estariam se multiplicando de uma maneira incorreta ao ter relações sexuais (aqui é Yessod) com animais, plantas e entre os parentes.

Yessod gera Malchut (onde nós estamos e é vista como feminina). Malchut é a própria Terra. E assim o Zôhar diz que a Terra estava sendo corrompida. D’us aparece e diz que deu errado. E afirma que a impureza entre os homens se tornou tão grande que só se resolveria com o julgamento, que é Guevurá.

Qual o ensinamento?

Cuidado com Yessod!!!!! O sexo que estamos multiplicando e propagando a nossa vida gera a Terra!

Esse é o grande alerta da história de Noé. Para que as águas (Yessod) não cheguem ao nível de Guevurá (o julgamento de D’us). Devemos prestar atenção se nossas ações não estão causando um dilúvio na nossa realidade e em um realidade maior.

Nem todo crescimento é saudável, é preciso prestar atenção do micro para o macro.

Dilúvio

O significados Espirituais do Dilúvio

O Dilúvio pela Kabbalah representa tudo aquilo que ameaça abafar a centelha divina dentro de nós. Aquela centelha que quer expressar, mas que, as vezes, se sente afogada pela ansiedade e pelas pressões da vida do mundo físico.

Mas o mais bonito, segundo a Kabbalah, é que nós temos uma Arca dentro de nós.

Essa Arca é uma parte da nossa alma que é pura e que não é afetada pelas ansiedades dolorosas do mundo material, é uma parte de nós, cujo o relacionamento com D’us é natural e profundo e cuja essência não é contaminada pelas preocupações físicas, as preocupações do mundo material e não importa qual seja a tempestade, chuvas de problemas e preocupações a nosso redor, essa parte em nós permanece inalterada.

A Arca é uma fortaleza, permanece num estado tranquilo de unidade com D’us e aí que vem o nome Noé em hebraico que compartilha uma raiz com outra palavra hebraica que tem como significado conforto, remetendo a ideia de calmaria.

Muitas águas não podem extinguir o Amor, nem rios podem inundá-lo.” A ideia é essa: se eu estou na calmaria, pode vir a água que for que eu mantenho a minha calmaria.

Apesar do Dilúvio ser devassador, ele não é um inimigo a ser superado e, sim, o veículo que empurra e eleva a Arca para alturas maiores.

Existe quase um paradoxo fundamental na Kabbalah: o nosso mundo físico, mundo material não é inimigo da espiritualidade. Na verdade é exatamente o oposto. Esses dois mundos são feitos um para o outro.

É só aprendendo a conviver no mundo material que o relacionamento com D’us ou com o espiritual pode se tornar algo real, potente.

É quando aprendemos a lutar e superar as ansiedades da vida física, as ameaças, é quando lutamos contra nossas buscas egóicas. Esses desafios fazem trazer o melhor de nós, são eles que nos permitem sentir a dor de não estar distante de D’usdo nosso verdadeiro EUde sentir que aquela parte de nós que está totalmente querendo D’us não está sendo ativada.

Esses momentos nos capacitam a ter uma nova determinação para a redirecionar a nossa vida. É justamente o Dilúvio que faz a Arca realmente se elevar.

Se não fosse o Dilúvio não precisaria da Arca, se não tivesse a água, a Arca não subia. Então, a gente não pode permitir que as enchentes nos afogue, é preciso que o Dilúvio faça com que encontremos calmaria, que o Dilúvio faça a Arca se elevar, achar uma direção e nesta direção ter uma calmaria e, eventualmente, encontrar um local de repouso (a Arca chega e para num monte, se não fosse a água, a Arca não chegaria no alto da montanha).

E é aí que se começa a entender o motivo que o Dilúvio aconteceu e aproveitá-lo para o que deve ser usado, entendendo seu objetivo em nossa vida.

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