Porção Semanal de 18/12/2022 a 24/12/2022:
Nessa semana é comemorado a festa das Luzes, uma festa que dura 8 dias em comemoração à jarra de azeite que milagrosamente na história deveria arder por apenas um 1 dia, pegou fogo por 8 dias.
Na Torah, o número 7 é altamente significativo. A Menorá (candelabro do Templo) tem 7 braços e será a partir da explicação de cada um desses braços que vamos entender o significado de terem sido 8 dias.
Os 7 braços da Menorá correspondem aos 7 pastores: Abraão, Isaac, Jacob, Moisés, Arão e David que são os representantes dos 7 atributos emocionais da Árvore da Vida, as sephiroth emocionais.
Os atributos são os modos que D’us se manisfeta no mundo (ao todo são 3 intelectuais + 7 emocionais). É errado acreditar, por exemplo, que D’us é Amor, o correto é acreditar que o Amor é uma manifestação de D’us (e este, em específico, da sephiroth de Hesed).
D’us é sempre infinito e, como tal, é indefinível. São através de seus atributos que cria, sustenta e se relaciona com toda a sua criação.
Elas constituem a composição espiritual de cada ser humano (aqui nos remete a um dos significados de quem D’us criou o homem a sua imagem e semelhança).
Quando uma pessoa utiliza a sephiroth que tem dentro de si, ou seja, os poderes da sua alma em serviço de D’us, essa pessoa tem condições de impactar a sua origem, ou melhor, as sephiroths do mundo Superior.
Então, qual o significado cabalístico de cada um dos braços da Menorá? Vamos lá…
O 1º braço da Menorá representa a sephirot de Hesed: Amor, generosidade, benevolência e grandeza. Uma das razões para a Torah descrever a criação do mundo como um processo de 7 dias, é o fato de que cada dia da semana corresponde a uma das sephiroths emocionais. No primeiro dia, D’us criou a luz, uma luz infinita preencheu toda a criação. Ela se refere à Abraão (homem de bondade e benevolência que amava a D’us de forma ilimitada). Logo, nós seres humanos, manifestamos Hesed quando expressamos nosso Amor por D’us e aos outros seres humanos.
O 2º braço da Menorá representa a sephirot de Guevurá: Disciplina, Força e Justiça. Ela ajuda a manter a existência no mundo. É a manifestação do poder divino em restringir e ocultar a sua luz infinita (ao contrário de Hesed). Caracteriza-se por ser uma barreira restrintiva, em que D’us criou o firmamento. Ela é personaificada por Isaac (homem que anulou sua vontade própria permitindo-se ser amarrado no Altar para ser sacrificado por Abraão, seu pai. Ele personificou a bravura na sua capacidade e força de dominar o sentido natural de todos nós que o da autopreservação). Quem serve a D’us com Guevurá é aquele que tem temor e reverência à D’us, ou seja, exerce uma disciplina ao cumprir os mandamentos. Se por um lado precisamos de doação e compartilhamento, por outro, precisamos de retenção e retraimento.
O 3º braço da Menorá representa a sephirot de Tiferet: beleza, harmonia, compaixão, misericórdia, verdade e paz. Tiferet é quem promove a harmonia entre Hesed e Guevurá. Se D’us emanasse apenas Hesed o mundo seria anulado. Porém, se D’us emanasse apenas Guevurá, o mundo também deixaria de existir. O mundo só é passível de existência se existir Hesed e Guevurá em equilíbrio, numa constante interação de reciprocidade/interação, com a intenção de que nosso mundo finito possa absorver ao mesmo tempo a infinita benevolência Divina com o ocultamente e restrição Divina. Jacob personifica Tifert porque foi a primeira pessoa a revelar o espectro total das emoções humanas. No nosso relacionamento com D’us manifestamos Tiferet quando estudamos, por exemplo, a Torah. Porque assim estamos tentando buscar por harmonia, verdade, compaixão, paz e equilíbrio (caminho do meio). A manifestação de Tiferet também se dá quando a gente glorifica à D’us por meio do embelezamento da vida, do mundo quando nossos atos são harmoniosos.
O 4º braço da Menorá representa a sephirot de Netzah: conquistar ou vencer. Denota a ideia de dominação, ambição e ter a iniciativa necessária para chegar na vitória. Caracteriza o quarto dia da Criação em que D’us criou as estrelas e os corpos celestes. Eles são uma manifestação de Netzah pelo fato de representarem uma espécie de dominação sobre todos os seres vivos. A Kabbalah acredita que as estrelas e os astros tem um certo domínio sobre nós, além disso, eles manifestam Netzah, porque nunca se desviam da sua missão, seguem as rígidas Leis da física, impostas por D’us, segundo a Kabbalah. Moisés, um dos maiores profetas de todas as eras, tem suas ações consideradas duradouras, especialmente por trazer a Torah para a Terra, Moisés não se importa qual desafio deverá enfrentar, está determinado a cumprir a sua missão, o seu objetivo. A qualidade de Netzah que existe na alma de cada pessoa é também ligada à confiança que se tem em sua missão divina que executará com total determinação até chegar na vitória.
O 5º braço da Menorá representa a sephirot de Hod: humildade, entrega, gratidão e aceitação. Representa o poder da alma que completa Netzah. Enquanto Netzah nos impede de ir para frente, vencendo barreiras, Hod assegura que o sucesso se baseie no nosso reconhecimento da origem divina do nosso poder e força. Por isso, há aqui um senso de humildade. É uma sinceridade e gratidão. É sephiroth que nos obriga a reconhecer que o nosso sucesso não é só nosso, tem providência Divina influenciando – “eu não sou o Senhor único da vida e do meu destino”. Hod implica a submissão. Na vida, as vezes, é preciso manifestar Netzah e impor a nossa vontade e, as vezes, é preciso agir se submetendo à vontade alheia. É o quinto dia da criação, neste dia, D’us criou as aves e as criaturas marinhas. São os primeiros seres a receber a bondade de D’us. Arão é quem personifica a sephiroth de Hod. A sua capacidade de fazer a paz entre as pessoas é um assunto mencionado na tradição. Ele tinha um desejo de submeter aos outros em troca de promover a união entre eles. Ele tinha esse espírito de se rebaixar, inclusive, se precisasse, para que os outros fizessem a paz. Em nosso relacionamento com D’us expressamos Hod quando temos um caráter de auto abnegação e o reconhecimento da transcendência divina que desafiam o nosso entendimento enquanto meros mortais: saber que não se entende o que está acontecendo mas que D’us está no comando. A gente exercita Hod quando a gente reconhece que apesar do nosso grande empenho, da nossa grande determinação no final das contas é a vontade de D’us que prevalece, as vezes concordando com o que queremos, as vezes, não. A gente percebe que a nossa visão limitada de mundo se deve à nossa perspectiva material e finita de uma maneira que não conseguimos ver tudo e analisar tudo. Também neste sentido expressamos a nossa gratidão por tudo que D’us concede e interfere na nossa vida, podemos não ver como algo bom, mas seremos sinceros sobre nossos atos de gratidão por tudo ao redor.
O 6º braço da Menorá representa a sephirot de Yesod: base, fundamento. Promove harmonia entre Netzah e Hod (dominação e submissão), “manter quem eu sou” x “abrir mão de quem eu sou”. Caracteriza quando D’us está no sexto dia da criação, quando D’us cria o primeiro ser humano (o homem e a mulher fundamentam a base da criação). D’us dá a todas as criaturas e os seres humanos retribuem cumprindo um propósito de que o homem e a mulher expressam Yesod quando mantém a sua identidade, exercitando livre arbítrio, mas também renunciando tudo isso para cumprir algo maior. Yesod une D’us à sua criação num vínculo de apatia e amor. Um justo personifica Yesod para a Kabbalah porque ele constitui um elo de união entre o céu e a terra, desperta na humanidade a busca por D’us e atrai a compaixão e a bondade divina para o mundo. O justo é a base do mundo. José é Yesod, pilar de integridade e de retidão. Na história José resistiu à tentação sexual e teve sucesso em todos os seus esforços, trazendo benção, salvação, prosperidade para si, para sua família e para o mundo. Utilizamos o poder de Yesod quando somos fiel ao nosso propósito com intensa vontade e prazer. O sexto dia da criação constituem dois conjuntos de três dias/cada, sendo que o segundo aperfeiçoa e complementa o primeiro. A primeira composição espiritual das sephiroths Hesed, Guevurá e Tiferet é comparado à segunda Netzah, Hod e Yesod, porém um complementando o outro, da seguinte forma: no primeiro dia D’us cria a Luz, no quarto dia D’us cria os corpos luminosos; no segundo dia D’us cria os oceanos, no quinto dia D’us cria os peixes; no terceiro dia D’us cria terra seca e no sexto dia D’us cria o homem.
O 7º braço da Menorá representa a sephirot de Malkhut: realeza. É a única passiva das outras seis já faladas que são ativas (passiva é no sentido de receber, não produzir nada). Yesod que é bastante ativa combina todas as demais sephiroths a Malkhut. Não há uma qualidade própria e isso lhe permite que unifique todas as sephiroths dentro de si e projete para o mundo. É o instrumento por meio do qual todo o plano da criação passa a existir. É o poder que D’us dá para que a gente possa receber dele e dos outros. A personificação dessa sephiroth é o Rei David. Expressa o relacionamento de que aquele que recebe pode retribuir. A Kabbalah diz que ao estar no papel de receptor ao mesmo tempo está doando. Malkhut caracteriza o sétimo dia da criação, o shabat (não é um dia para ser ativo), é um dia que se deve receber bençãos dos outros seis dias anteriores e ela retribui como doador também. Expressamos Malkhut quando aceitamos a soberania divina de uma maneira que vamos cumprir o que tem que ser cumprido. A alma que serve a D’us com humildade está manifestando Malkhut. Os 7 dias da semana correspondem, portanto, a um ciclo natural.
Mas por que 8? O número 8 representa o que está acima da natureza, ou seja, o sobrenatural. Na Kabbalah presenta o milagroso. Na história do Chanuca o azeite ardeu, não é atoa, por 8 dias. A Menorá do Templo tinha 7 braços, para iluminar os dias normais da semana, sendo o sétimo representado por Malkhut ou pelo Rei David, já a Chanukiá tem 8 braços, representando o Rei Messias, cuja a vinda irá trazer o shabat eterno. Uma era de paz, alegria e prosperidade para a humanidade caracterizada pelo 8, fenômenos sobrenonaturais, fenômenos milagrosos. Todos os seres humanos contém todas as 7 sephiroths emocionais dentro de si, mas sempre uma delas irá exercer um papel mais central na vida da pessoa, de modo que cada ser humano será mais inclinado por uma sephiroth ou outra.
Cada um de nós terá o seu caminho, a sua maneira de chegar a D’us e nenhum deles é melhor que o outro. Mas apesar desses diferentes caminhos, o nosso povo constitui um todo.
Quando a singularidade de cada pessoa se une para criar a coletividade conseguimos despertar o oitavo braço, trazendo o Rei Messias que vai para o sobrenatural e que nos coloca em uma nova realidade com bençãos infinitas do eterno!